Um estudo publicado na Austrália este ano analisou o comportamento e as emoções de bezerros utilizados em provas de laço (calf roping). O assunto é de extrema relevância, uma vez que existem poucos trabalhos sobre respostas fisiológicas, comportamentais e emocionais de animais utilizados nestas práticas. Dessa forma, a percepção dos estados emocionais dos animais é mais uma alternativa que pode embasar tomadas de decisão para a proibição definitiva de eventos que submetam os animais a sofrimento.

As provas de laço são certamente as provas mais cruéis de um rodeio. Animais jovens são utilizados, portanto ainda mais frágeis, e, além de submetidos a diversos estímulos aversivos, como sons e ruídos excessivos, são perseguidos, derrubados e têm suas patas laçadas por um peão, tudo isso em tempo cronometrado, em alta velocidade e com extrema brutalidade.

Os riscos são inúmeros e os bezerros podem sofrer lesões físicas, incluindo fraturas ósseas e lesões internas, como hemorragia e danos na traquéia. Dependendo da gravidade do quadro, alguns precisam ser até mesmo eutanasiados. Além disso, os animais vivenciam medo, elevados níveis de estresse e sofrimento mental.

O artigo, elaborado por pesquisadores da Universidade de Sidney, foi elaborado após a utilização de uma ferramenta de avaliação do comportamento animal (teste QBA) já utilizada em outras espécies. Basicamente, os avaliadores analisam imagens e descrevem as emoções observadas em animais individualmente, pontuando-as em uma escala. Nesta pesquisa foram analisadas imagens de antes (fase de perseguição) e depois (fase de recuperação) dos bezerros serem laçados.

Outros estudos prévios indicam que alguns fatores também podem influenciar no reconhecimento da senciência dos animais e o grau de empatia e atitude perante a eles. Por exemplo, estudantes do gênero feminino no início da formação em cursos como medicina veterinária, apresentam maiores níveis de empatia que alunos do gênero masculino em nível maior de formação, sugerindo que a prática profissional pode dessensibilizar alguns indivíduos na identificação de mudanças emocionais mais sutis nos animais .

Os alunos que tinham mais empatia por animais com dor ou usados ​​em experimentação foram mais empáticos em relação aos bezerros durante a fase de perseguição e tiveram capacidade de analisar as emoções negativas nos dois momentos. Os avaliadores mais empáticos reconheceram que os bezerros estavam agitados, ansiosos, estressados, assustados e confusos e foram capazes de reconhecer diferenças nas emoções antes e depois da laçada. Estes resultados indicam que os bezerros em provas de laço experienciam várias emoções negativas que impactam em seu bem-estar.

 

Fonte: Fórum Animal