O MP catarinense financia programa que transforma jovens em protetores ambientais. A turma multiplica o conhecimento ajudando a diminuir as estatísticas do crime que acontece principalmente na quaresma.

Fonte: MPSC

“Para mim, que cresci com a minha família aceitando a farra do boi e, às vezes, participando, aqui no curso, eu aprendi o lado diferente, que é o quão errado [sic] é essa prática”, explica Giulia Cristina Senabio de 14 anos, cujo depoimento ilustra bem a importância do trabalho desenvolvido pelo Programa Protetor Ambiental criado em 1999 pela Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina e que tem com um dos apoiadores o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

Na visita ao Parque Estadual do Rio Vermelho (assista à reportagem em vídeo), uma das 20 unidades em que o programa é desenvolvido no Estado, o sargento Mario Campos explica que, duas vezes por semana, os jovens aprendem conceitos de biodiversidade, de flora e de fauna. Quanto à legislação ambiental, analisam a Lei Federal de Crimes Ambientais (Lei n° 9.605/98), que, no artigo 32, configura a farra do boi como crime.

A partir desse entendimento, os adolescentes se transformam em multiplicadores, levando os conceitos aprendidos não somente para a casa, mas também para as escolas. “Esse trabalho multidisciplinar é fundamental, pois coloca o jovem na condição de defensor dos animais em relação a práticas cruéis e inaceitáveis, tornando-os capazes de compreender a importância do tratamento ético a todas as formas de vida”, explica a Coordenadora do Centro de Apoio do Meio Ambiente e Presidente do Grupo Especial de Defesa dos Direitos dos Animais (GEDDA), do MPSC, Promotora de Justiça Luciana Cardoso Pilati Polli.

Para ajudar a financiar o Programa Protetor Ambiental, o Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), gerido pelo MPSC, aprovou, para o biênio 2019/2020, o valor de R$ 957 mil. Este dinheiro está sendo utilizado para a compra de uniformes, apostilas, agendas, equipamentos eletrônicos e câmeras fotográficas utilizados na formação de Protetores Ambientais em todo o Estado. No total 1200 adolescentes serão atendidos.

“A farra do boi já foi muito pior. Hoje ela está restrita a alguns redutos que não querem entender o crime que estão cometendo. O componente que vai mudar essa perspectiva é a quebra do vínculo entre os adolescentes e esses adultos que ainda praticam esse crime”, analisa, com otimismo, o ativista pelos direitos de todas as formas de vida e presidente do Instituto Ecosul, Hallem Guerra Nery, integrante do Grupo Especial de Defesa dos Direitos dos Animais (GEDDA), coordenado pelo MPSC.

 

Fonte: MPSC