Japão precisa de 75% dos votos para aprovar volta da caça, mas especialistas acham improvável que isso ocorra.

 

 

A Comissão Baleeira Internacional, que reúne 80 países em Florianópolis, está pela primeira vez no Brasil para discutir o futuro de baleias e golfinhos. O tema mais polêmico do evento é a possível volta da caça comercial, cuja defesa é liderada pelo Japão. O retorno a essa prática será votado nesta quinta-feira (13).

As maiores espécies de baleias foram caçadas quase até a extinção. O massacre se estendeu até 1986, quando a caça comercial foi proibida.

Mais de três décadas depois, o momento é de impasse entre defensores da preservação e de mudança de regras.

Países de tradição baleeira, como Japão, Noruega e Islândia entendem que depois de 32 anos de moratória está na hora de voltar a liberar a caça, com a adoção de cotas anuais de captura. A discussão mobiliza ambientalistas que protestam em Florianópolis desde domingo (9).

“A poluição dos mares e a própria mudança climática vem fazendo com que haja outros impactos e somar esses impactos à caça da baleia novamente podia colocar a perder o que se ganhou de pouco nesses 32 anos de moratória”, afirmou o diretor do Instituto Baleia Jubarte José Truda Palazzo.

O Japão precisa de 75% dos votos da comissão para aprovar a volta da caça. Os especialistas acham pouco provável que isso ocorra.

O Brasil voltou a defender a criação de um santuário para baleias e golfinhos no Oceano Atlântico, entre África e América do Sul, mas a proposta, mais uma vez, não atingiu a votação necessária.

“Vamos trabalhar em outras reuniões dessa comissão no próximo ano para que o santuário seja, enfim, criado”, declarou o ministro do Meio Ambiente Edson Duarte.

Para os conservacionistas, a trégua dos arpões deve ser mantida, pois deu resultado. No Brasil, as populações de baleias jubarte e franca vêm se recuperando.

Nesta temporada, 284 baleias franca foram vistas no litoral catarinense. Este é o maior número desde que a contagem começou a ser feita há 31 anos.

“A taxa média de crescimento anual é de em torno de 12% ao ano, isso está relacionado também ao trabalho que a gente vem fazendo de preservação ao longo de todos esses anos”, afirmou a bióloga do Instituto Australis Karina Groch.

Fonte: G1