Oferecendo a esterilização cirúrgica de animais por meio do Castramóvel e do atendimento em clínicas conveniadas, o Programa de Castração da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) já ultrapassou 22 mil atendimentos, mas a demanda continua crescendo. Na tentativa de sanar os problemas que levam ao abandono e ao consequente aumento da população animal nas ruas, o programa atua em diferentes linhas, não só no que compete à saúde dos bichos, mas, especialmente, na conscientização e no combate ao abandono em toda a cidade.

“O ideal seria que a gente castrasse, preferencialmente, cães e gatos em situação de risco, que se encontram em locais em que a população é mais carente, mas o serviço abrange a todas as pessoas que queiram inscrever seus animais”, explica a gerente do Departamento de Controle Animal (Decan) do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb), Mirian Neder. Nesse sentido, os cães e gatos mais vulneráveis seriam os semidomiciliados, ou aqueles cujos donos têm muitos animais, em ambientes com machos e fêmeas misturados, ou até mesmo os que têm residência, mas circulam pela rua durante o dia. Os cães que vivem em apartamentos também precisam ser castrados, mas não são prioridade.

Além do controle da população animal, a castração traz benefícios indiretos. A maioria deles diz respeito à saúde dos bichos. De acordo com o veterinário Fábio Valverde, os machos castrados têm o comportamento afetado. Eles ficam mais calmos, o que melhora o convívio. Além disso, diminui a incidência de câncer de próstata.

No procedimento, são removidos os testículos do animal, onde são produzidos e maturados os espermatozóides. No caso das fêmeas, além de evitar a gravidez, que, a cada ninhada, pode gerar de oito a 12 filhotes, a esterilização diminui a ocorrência de piometra, câncer de mama e de outras doenças na vida senil. No caso das fêmeas, a cirurgia é mais invasiva, porque só se consegue ter acesso aos ovários, que são removidos por meio da cavidade abdominal, o que requer maior cuidado.

“Os bichos podem ser castrados a partir dos 4 a 6 meses e durante toda a vida, antes de chegar à velhice. Nos mais velhos, a anestesia pode representar um risco maior. Quanto mais cedo o procedimento for feito, melhor. A castração é muito recomendada. Outros meios, como os inibidores de cio, não são, porque podem trazer problemas pela quantidade de hormônio que contêm”, explica Valverde.

Os animais devem permanecer em jejum por 12 horas. Eles chegam ao Castramóvel, são pesados e medidos. A anestesia é dosada e eles aguardam o procedimento. Todo o atendimento dura, em média, 30 minutos, mas os cães só são liberados depois de voltarem da anestesia. Eles são vestidos com roupa especial e os donos recebem instrução de como deve ser feita a limpeza dos cortes, com soro fisiológico e rifocina. Os animais devem ser acompanhados por dez dias, mesmo período em que a medicação deve ser ministrada. “Com a cicatrização completa, é vida normal”, diz o veterinário.

Fonte: Tribuna de Minas