“Os servidores da Divisão de Materiais do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), localizada perto do Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, estão acostumados a receber “visitas” de vários tipos de animais. Por ser um lugar mais distanciado do centro urbano, circulam por ali saguis, gambás, gralhas do campo, tucanos, serpentes, roedores… Porém, há cerca de cinco anos, um animalzinho chegou pra ficar. A gatinha Chiquinha, como foi batizada carinhosamente pelos servidores, apareceu no local, provavelmente, depois de ter sido abandonada na região.

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Sem dono, a gatinha sobrevivia por conta própria caçando bichos nas redondezas. Com o passar do tempo, a felina foi deixando de ser arredia e se aproximou dos trabalhadores, que assumiram os cuidados com a saúde e a alimentação dela de forma espontânea e voluntária.

Assim que possível, a servidora Luiza Maria de Melo Pinheiro levou a gatinha a um veterinário para ser examinada, vacinada e castrada. Os custos foram bancados pela própria servidora. Ela comenta que atualmente todos ajudam a cuidar da Chiquinha e muitos contribuem com compras de ração e outros itens. Nos fins de semana, quando não há expediente, são os porteiros que se encarregam de dar comida para ela.

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Como Chiquinha, existem muitos cães e gatos que, mesmo sem um responsável definido e único, possuem vínculos de dependência e manutenção com a comunidade onde vivem. Eles são os chamados animais comunitários e devem receber cuidados e acompanhamento veterinário para prevenção de zoonoses, como a manutenção da carteira de vacinação em dia, a administração de vermífugos e a castração.

Alguns cuidados que devem ser tomados pela comunidade estão previstos na Lei Estadual 21,970, de 2016, que dispõe sobre a proteção, a identificação e o controle populacional de cães e gatos.

Nessa lei, está previsto que o poder público deve desenvolver estratégias com o objetivo de promover a proteção, a melhoria do bem-estar desses animais e do respeito por eles. Isso inclui orientação técnica às pessoas responsáveis pelos bichos e ao público em geral sobre os princípios do cuidado responsáveis e a prevenção de zoonoses.

Funções 

Chiquinha também retribui toda a atenção e afeto que recebe dos colaboradores, melhorando o ambiente de trabalho. Ela ainda caça roedores e cobras de jardim e toma conta do local onde vive, espantando inclusive outros animais. Recentemente, ela foi até mesmo reconhecida como “servidora comunitária” do MPMG, com direito a crachá de identificação.

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A promotora de Justiça Luciana Imaculada de Paula, que está à frente da Coordenadoria Estadual de Defesa dos Animais (Ceda) do MPMG, explica que a gatinha exerce importantes funções na Divisão de Materiais, por isso, o reconhecimento. “Como ela está com a imunização em dia, ela atua como barreira sanitária de zoonoses e, como é castrada, exerce a função de barreira reprodutiva”, explica Luciana.

O veterinário do MPMG Gustavo Xaulim, que atua na Ceda do MPMG, informa que cada local tem uma capacidade de recursos para oferecer suporte aos animais. Essa capacidade é conhecida como os quatros As: abrigo, alimento, água e acesso a esses recursos. “Se o lugar tem capacidade somente para um animal comunitário, ele vai exercer uma função territorialista. Se ele for vacinado, castrado e vermifugado, vai defender o recurso que tem ali e impedir a entrada de outros animais, atuando como uma barreira para doenças, reprodução, verminoses”, esclarece.

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Cuidados 

O veterinário orienta que os animais comunitários precisam dos mesmos cuidados que os outros animais. “É necessário que recebam a vacina antirrábica e a vacina múltipla: óctupla ou déctupla para cães e tríplice ou quádrupla para gatos”, diz. Além disso, eles devem ser vermifugados e castrados. “A castração é fundamental”, comenta. Se possível, é recomendável usar uma coleira contra leshmaniose.

Segundo ele, também é importante registrar e identificar esses bichinhos, inserindo em um microchip os dados do animal e de um ou mais responsáveis. Também é aconselhável colocar uma identificação visível, como uma coleira ou plaquinha.

Xaulim acrescenta ainda que é crucial fazer consultas e exames sempre que os cuidadores perceberem sintomas ou comportamentos que façam suspeitar de alguma doença, como prostração e lesões.”

FONTE: https://www.mpmg.mp.br/portal/menu/comunicacao/noticias/saiba-o-que-e-um-animal-comunitario-e-os-cuidados-necessarios-para-a-prevencao-de-zoonoses.shtml