No dia 25 de abril, uma onça-pintada foi vista no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e, até a sua captura, no último domingo (12) a noite, foram registradas diversas aparições do felino nas imediações do jardim e em áreas urbanas da cidade.
Armadilhas foram instaladas em vários pontos da mata e uma equipe foi mobilizada para a captura. Entre os especialistas convidados pela UFJF para a busca está o professor de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São João del-Rei, Fernando Azevedo, que já perdeu a conta de quantas capturas já participou. Além do docente, o aluno de doutorado da UFSJ Ricardo Arrais e a veterinária do Projeto Carnívoros do Rio Doce, da UFSJ, Cynthia Widmer, estiveram no local, sob orientação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Carnívoros (Cenap/ICMBio), órgão federal de referência para situações emergenciais,como a que ocorreu em Juiz de Fora.
Fernando conta que foi a UFSJ que cedeu os equipamentos de captura: “avaliamos a situação e contribuímos com todo o nosso saber e experiência. Ficamos acampados no Jardim Botânico durante estes dias, monitoramos e montamos as armadilhas de caixas, na qual ela foi capturada.”
O docente desenvolve um projeto que avalia aspectos de ecologia de mamíferos carnívoros, principalmente onças-pintadas, pardas e jaguatiricas, em unidade de conservação, e é um das referências nacionais na busca de onças pardas e pintadas em Minas Gerais, Espírito Santo e em mais estados.
De acordo com o professor, logo após a captura, o felino, que tem aproximadamente 4 anos, 51,6 quilos e 1,81 metro de comprimento, foi levado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) em segurança e em bom estado de saúde para um ambiente de mata atlântica fechada distante oito horas de Juiz de Fora e longe de qualquer centro urbano.
O local permanece em sigilo. Azevedo afirma que o ICMBio e o IEF, em comum acordo, acharam melhor não divulgar o local da soltura para não causar nenhuma comoção à população. “Até que o animal se estabeleça no local e que tenhamos a certeza de que ele não vai embora, esta informação permanecerá em sigilo. Estamos monitorando a onça por uma coleira de telemetria, via satélite, e a cada hora teremos a localização dela. O felino está livre num local que tem água, comida, espaço e não tem gente por perto, onde possa ter uma vida normal e sem riscos para ele nem para as pessoas.”
Após todo o esforço mobilizado, o professor da UFSJ avalia que a ação foi muito bem organizada pela UFJF e pelo Instituto Federal de Florestas. “Tivemos toda a estrutura para trabalharmos com tranquilidade. A operação foi um sucesso, tanto na captura quanto na soltura. Não houve nenhum acidente, ninguém se machucou e a onça ficou super bem no seu novo habitat.”
A onça-pintada é uma animal ameaçado de extinção, geralmente vive de maneira solitária e o último relato sobre a aparição de um felino dessa espécie na área de Juiz de Fora foi há 80 anos. Portanto não se acredita que existam outros animais como este vivendo na região.
Fonte: UFSJ
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