Projeto inédito do Instituto Mamirauá, WWF-Brasil e Universidade da Flórida avalia o uso de equipamentos em ações de pesquisa e conservação de quelônios
Localizada às margens do Rio Solimões, no estado do Amazonas, a praia do Horizonte é uma faixa de areia com atuais 9 km de extensão – que variam de tamanho diariamente. É um ponto de desova para centenas de quelônios, entre tartarugas-da-amazônia, iaçás e tracajás, e também foco de interesse de pesquisadores e ativistas. Pensando na proteção de áreas de reprodução como essa, o Instituto Mamirauá, a WWF-Brasil e a Universidade da Flórida testam o uso de drones para o trabalho de monitoramento na área.
Controlado de forma remota por um piloto integrante da pesquisa, o drone realizou percursos aéreos a diferentes altitudes, filmando e fotografando com uma câmera de alta definição o relevo da praia. A ideia, de acordo com a pesquisadora Marina Secco, é identificar rastros de tartarugas na areia e, assim, chegar até os ninhos.
“Conseguimos ver perfeitamente os rastros de tartarugas-da-amazônia na areia, que do alto parecem marcas feitas por um tratorzinho. As marcas da iaçá, que é um quelônio de menor porte, também foram nítidas”, comentou Marina.
Os voos-teste foram realizados na faixa de 11 às 14 horas, quando os raios do sol chegam à superfície da terra em ângulos mais próximos a 90 graus, facilitando ainda mais a visibilidade. Os melhores resultados foram gravados a 20 metros de altura em relação à praia.
“Com o possível sucesso desses experimentos, esperamos em breve poder usar drones para contagem de ninhos”, indica Marina, que faz parte do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Tecnologia a serviço da conservação
Desde a década de 1990, o instituto apoia ações de conservação de quelônios realizadas de forma voluntária por moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, onde está a praia do Horizonte. A conservação comunitária de praias, que envolve a contagem e monitoramento de ninhos de tartaruga, está nesse rol e pode ser ampliada com o auxílio dos drones.
“Uma das vantagens da tecnologia é reduzir o tempo gasto no monitoramento de uma única praia e distribuir melhor os esforços para encontrar novas áreas de desova nessa região. Em pontos de difícil acesso, também podemos usar os drones para fazer a contagem remota de ninhos dos quelônios”, explica Marina Secco.
Além das metas diretamente ligadas à conservação, a pesquisadora aponta que os veículos aéreos não tripulados também podem ser úteis em estudos mais amplos sobre a ecologia de quelônios na Amazônia. A ferramenta tem potencial em levantamentos de altimetria (medição de altitudes) em pontos de desova nas praias.
Próximos passos
Os vídeos e as fotos captados na praia do Horizonte estão agora sob a análise de equipe da Universidade da Flórida, parceira do projeto.
“A ideia é ver em que medida os pesquisadores de lá conseguem identificar os rastros de tartarugas e os ninhos nas imagens, qual a taxa de erro entre a contagem in loco (feita pelos pesquisadores do Instituto Mamirauá na praia) e a contagem feita por eles nas imagens”, explica Marina.
Fonte: ANDA
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