A história do elefante Kaavan, mantido sozinho e isolado no zoológico de Marghazar, na cidade de Islamabad, no Paquistão, ganhou um novo capítulo e um final feliz. O Supremo Tribunal de Islamabad atendeu o pedido de ativistas e reconheceu o elefante com pessoa não-humana e detentora de direitos. Kaavan, que tem cerca de 40 anos e vive solitariamente desde 2012, será liberto e encaminhado para um santuário de vida selvagem no Sri Lanka, país de origem do animal.

 

A decisão foi aplaudida pelo Projeto de Direitos Não Humanos (NhRP), uma organização norte-americano que há anos luta pela liberdade de Kaavan. “A consideração cuidadosa da justiça ao reconhecer os direitos dos animais não-humanos, juntamente com os direitos humanos e a proteção ambiental, é a única resposta judicial adequada às crises existenciais enfrentadas pelos animais em todo o mundo”, disse Kevin Schneider, diretor executivo da NhRP.

A decisão foi conferida pelo juiz Athar Minallah, presidente da Supremo Tribunal de Islamabad desde 2018. O jurista apontou que a história de Kaavan é “uma oportunidade para as pessoas olharem para dentro de si e se relacionarem com a dor e o sofrimento de outros seres vivos causados ​​pela arrogância dos seres humanos”. Minallah citou como exemplo ainda a pandemia de Covid-19 como um convite à reflexão sobre o que os animais estão vivenciando em zoos de todo o mundo.

Foto: Free Kaavan the Elephant

O presidente da NhRP, Steven Wise, agradeceu ao juiz Minallah: “Para incontáveis ​​animais não humanos, uma vida inteira de prisão, solidão e perda é tudo o que eles conhecem. Em um momento em que a interconexão do bem-estar humano e não humano nunca foi tão aparente, estamos emocionados por Kaavan e gratos à justiça por defender os direitos de animais não humanos – não apenas pelo bem dos próprios animais, mas também para defender os valores e princípios de justiça que protegem a todos nós”, disse.

A cantora Cher, atuante na campanha de libertação de Kaavan, também comemorou a notícia em suas redes sociais. “Acabamos de ouvir da Alta Corte do Paquistão que Kaavan é livre. Este é um dos melhores momentos da minha vida”, disse a celebridade. A decisão que liberta o elefante, também exige que o zoo de Marghazar transfira outras espécies, como ursos pardos, leões e pássaros, até realizar obras que atendem aos critérios de bem-estar determinados pelo tribunal.

Um vida aprisionado

Kaavan nasceu no Sri Lanka e foi enviado para o Paquistão quando tinha apenas um ano de vida. Ele vivia em companhia da elefanta Saheli, falecida em 2012. Desde então, o elefante foi mantido sozinho. O luto, tristeza e estresse tornaram Kaavan agressivo e com sintomas de perturbação mental. Para esconder a situação, o zoo passou a acorrentá-lo diariamente. A situação foi expostas por ativistas. Uma petição global pedindo a libertação do animal alcançou mais de 200 mil assinaturas.

 

Fonte: ANDA