Doados pela Universidade Federal do Mato Grosso, animais chegaram ao Rio em quatro voos saídos de Cuiabá e estão em quarentena sob os cuidados do Ibama. Depois do período de adaptação, serão soltos na natureza.

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Servidores do parque recebem os animais no aeroporto:soltura na natureza só ocorrerá após período de quarentena. (Foto:Acervo/ICMBio)

 

Cinquenta jabutis-tinga (Chelonoidis denticulata) chegaram neste mês ao Rio de Janeiro e deverão ser soltos no Parque Nacional da Tijuca (RJ). A iniciativa faz parte do Projeto Refauna e envolve a equipe da unidade de conservação e pesquisadores das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Doados pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), os animais foram distribuídos em quatro voos saídos de Cuiabá (MT) e estão em quarentena sob cuidados do Ibama. Veterinários da UFRRJ farão exames. Depois de atestada a saúde dos jabutis, eles serão transferidos para o parque da Tijuca, onde passarão por um processo de adaptação para soltura na natureza.

No parque, os jabutis ficarão, inicialmente, em regime de aclimatação em recintos construídos especialmente para eles até serem considerados aptos à soltura. Depois de soltos, a equipe de pesquisadores do Projeto Refauna continuará a monitorá-los por radiotelemetria para verificar a sobrevivência e saúde dos animais e a necessidade ou não do reforço da população na unidade de conservação.

Para isso, os animais receberão radiotransmissores que permitirão aos pesquisadores acompanhá-los mesmo quando eles não puderem ser vistos. Isso permite o monitoramento em tempo real dos jabutis e a adoção de ações de proteção quando for preciso.
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Animais foram doados pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), (Foto:Acervo/ICMBio)

REFAUNA

O Projeto Refauna tem como um de seus objetivos reintroduzir espécies de animais que foram extintas do Parque Nacional da Tijuca. A iniciativa, que envolve três universidades (UFRJ, UFRRJ e IFRJ), teve início em 2010 com a reintrodução de cutias (Dasyprocta leporina).

Os resultados desse trabalho já são visíveis. Todas as cutias existentes hoje na Floresta da Tijuca nasceram na natureza, a população é considerada estabelecida e ocupa diversas áreas do Setor Floresta. Na semana passada, mais 14 cutias foram reintroduzidas.

Em 2015, teve início a reintrodução de bugios (Alouatta guariba), com a liberação de quatro animais. A população ainda está em fase de estabelecimento, mas há indicadores de que os animais liberados estão bem estabelecidos, o que pode ser constatado com o nascimento de dois filhotes. Não havia registros nesse sentido há cem anos.

“O Projeto Refauna é uma importante iniciativa para a conservação da biodiversidade do parque da Tijuca, pois muitas espécies da flora dependem dos animais para dispersão de seus frutos e manutenção de suas populações”, ressaltou Sônia Kinker, chefe da unidade de conservação.

A iniciativa prevê para os próximos anos a reintrodução de mais 16 cutias e 15 macacos bugios para auxiliar no reforço e estabelecimento das populações. Também está sendo avaliada a viabilidade para reintrodução da arara-canindé (Ara ararauna) em 2020.
Fonte: ICMbio