Metade foi de animais entregues voluntariamente pela população.

 

 

Equipes da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) realizada na região Noroeste de Minas Gerais, em apenas quatro dias de trabalho, resgataram 295 animais da fauna silvestre que eram criados ilegalmente.

Desses animais, 140 foram entregues de forma voluntária por moradores das cidades de João Pinheiro, Presidente Olegário, Patos de Minas e Vazante. Os outros 155 foram apreendidos durante as ações de fiscalização.

A maioria dos animais era de aves. Foram mais de 70 papagaios (69 papagaios verdadeiros e 6 papagaios galegos), mas também foi grande o número de periquitos, maritacas, jandaias e tucanos, além de pássaros como azulão, pintassilgo, colarinhos de várias espécies, curiós, bem-te-vis e três exemplares de bicudo, uma das espécies mais ameaçadas do cerrado.

Alguns animais chegaram em condições precárias de saúde: obesidade, penas quebradiças e mal-formadas, crescimento exagerado das unhas. Um dos casos que chamou a atenção das equipes foi uma fêmea de azulão que estava com as vias aéreas totalmente obstruídas – situação clínica chamada de  rinolito – e teve de ser submetida a um procedimento para abrir as narinas.

De acordo com o médico veterinário Érico Furtado, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), os problemas de saúde devem-se geralmente à falta de higiene das gaiolas e dos criadouros. “O acúmulo de fezes e poeira e até comida velha e mofada são ambiente propício para o surgimento de doenças em pássaros”, afirma.

“As pessoas precisam entender que o animal silvestre não foi feito para viver em cativeiro. Aquele não é o seu habitat natural, o que significa que as condições em que ele se desenvolveria não ocorrem ali, e isso impacta em sua saúde. É o caso, por exemplo, de pássaros que têm um crescimento exagerado das unhas, porque a gaiola não lhes permite o desgaste natural que teriam na natureza”, explica o médico do IEF.

Os animais resgatados pela FPI Minas foram encaminhados a um Centro de Triagem (Cetas) provisório, onde receberam os primeiros tratamentos. Cada um deles foi minuciosamente examinado e recebeu uma anilha de identificação dos órgãos ambientais.

Na sexta-feira, 140 animais foram levados para o Cetas do Ibama em Brasília (DF) e sete, para o Cetas do IEF em Juiz de Fora (MG), onde permanecerão até que estejam prontos para voltar à natureza.  Quase 150 animais já voltaram ao seu habitat: eles foram soltos em área controlada, com condições ambientais propícias para sua readaptação.

Conscientização
A ação de entrega voluntária promovida pela FPI Minas foi responsável por praticamente metade do total dos animais resgatados nessa fase da operação.

De acordo com o médico veterinário da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), Aníbal Souza, que participou das duas etapas da FPI Minas realizadas nas regiões Norte e Noroeste do estado, há vários fatores que motivam as pessoas a entregarem espontaneamente seus animais.

“Manter animal silvestre em casa é crime, mas, na entrega voluntária, o cidadão não sofre nenhuma penalidade. Isso pesa na decisão. Em outros casos, a pessoa se sensibiliza quando dizemos que animal silvestre não é doméstico, que esse não é um ambiente adequado e que será melhor para ele retornar ao seu habitat natural”, ressaltou.

Para o superintendente em fiscalização e estratégia da Semad, Flávio Aquino, “a ação de entrega voluntária tem enorme peso na educação ambiental, porque leva as pessoas a refletirem e a mudarem seus comportamentos voluntariamente. Por isso, para a FPI, que busca fazer da prevenção um ativo ambiental, essa iniciativa, do ponto de vista estratégico, revelou-se extremamente bem sucedida”.

 

Fonte: MPMG