Treinados para auxiliar deficientes visuais nas tarefas do dia a dia, cães-guia dão segurança, independência e promovem a inclusão.
No entanto, poucos cegos têm um cão-guia no Brasil. Segundo dados do último Censo, de 2010, eram aproximadamente 6,5 milhões de deficientes visuais no país, que conta com cerca de 200 animais em serviço. Falta de incentivo financeiro, carência de voluntários para a socialização e até de treinadores contribuem para esse baixo número. O resultado são longas filas de espera em institutos que oferecem o animal.
Para marcar a importância que esses peludos desempenham, o Dia Internacional do Cão-Guia é lembrado anualmente na última quarta-feira de abril.
TREINAMENTO
O Instituto Iris, um dos responsáveis por treinar e entregar cães-guias para cegos contemplados em seu programa de doação, afirma ter uma lista de espera com aproximadamente 3.000 nomes.
O processo de treinamento de um cão-guia: começa com a seleção dos filhotes, priorizando aqueles com boa saúde, bom temperamento e espírito de liderança.
De acordo com o instituto, a segunda etapa é a socialização —os filhotes são recebidos por famílias voluntárias, responsáveis pela educação inicial do animal. Na terceira etapa, ele retorna à escola para um treinamento que inclui instruções especiais com profissionais com formação técnica. Somente após todo esse preparo é realizado o vínculo entre cão e o usuário e, por fim, ocorre o processo de transferência.
São, em média, 18 meses desde o nascimento até a doação, e cada cão-guia custa ao instituto em torno de R$ 50 mil.
ACESSO LIBERADO
Por lei, cães-guia treinados e identificados têm acesso garantido a qualquer ambiente, para dar o suporte necessário ao tutor.
Apesar da determinação, de 2005, cegos ainda enfrentam resistência para ter livre acesso com o animal. “Infelizmente ainda temos que lidar com constrangimentos em alguns estabelecimentos comerciais que barram ou hostilizam a entrada de cães-guias. Isso é vexatório para o usuário e muito triste para todos nós”, diz o presidente do Iris, José dos Santos Filho.
CURIOSIDADES
Para marcar a data, a DogHero listou curiosidades sobre os cães-guia. Veja:
Qualquer raça pode ser um cão-guia? Depende. Os cachorros precisam ser alertas, inteligentes, fortes e focados. Por isso, nem todas as raças se enquadram nesse trabalho. Labrador, golden retriever e pastor alemão são os mais usados. Em alguns casos, o border collie pode ser treinado.
É possível brincar normalmente com um cão guia? Não! Embora sejam animais muito dóceis e sociáveis, se você encontrar um cão-guia na rua, não o distraia. O animal precisa estar focado no trabalho e não deve receber carinhos nem petiscos para não perder a atenção.  Caso ele esteja parado com o tutor e você queira interagir, pergunte para a pessoa se aquele é um bom momento para isso. No entanto, o ideal é que o animal não seja distraído por estranhos quando estiver com a guia de treinamento para cães —peitoral com alça de trabalho.
O cão-guia pode entrar em qualquer ambiente? – Sim. Segundo a Lei n° 11.126 (2005), a pessoa com deficiência visual tem direito a entrar com o cão guia em qualquer lugar. Desta maneira, seja o estabelecimento público ou privado, o cão guia tem passe livre.
O cão-guia se aposenta? Sim. O trabalho é intenso e requer muita dedicação do pet. Por isso, ele também tem direito a aposentadoria. No geral, um cão guia se aposenta depois de 7 ou 8 anos de trabalho.
O cão-guia faz parte de um grupo de cães de assistência – Divididos nas seguintes atuações: cães de serviço, que atuam ajudando autistas, diabéticos, dando alerta e auxiliando na mobilidade; cães ouvintes, que são capazes de reconhecer e alertar o tutor sobre sons importantes como telefone, campainhas, ou bebê chorando, por exemplo e, o cão-guia, que auxilia pessoas com deficiência visual, dando mais mobilidade, segurança e independência.