É urgente que a humanidade mude a rota pela a qual vem conduzindo o planeta.
O sistema ultrapassado com que vivemos e fizemos negócios durante décadas está acabando com fauna e flora de maneira avassaladora.
Segundo o Índice Planeta Vivo, da WWF, o mundo perdeu 68% de sua população animal selvagem entre 1970 e 2016.
De acordo com o relatório Global Biodiversity 5, da ONU, nenhuma das 20 metas estabelecidas pela Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CDB) para o período entre 2011–2020 foi atingida em sua plenitude.
A dramática Covid-19 é um exemplo atual e muito doloroso sobre como nossa relação com a natureza precisa de mudança. Esta transformação necessária, se conduzida de maneira moderna e estratégica, pode abrir novos horizontes. Integração sustentável aliada a pesquisas e ciência tem potencial para produzir riquezas.
Tratamentos medicinais e novos medicamentos; produtos naturais e de origem correta para o segmento de cosméticos; e até mesmo plantas e frutos para alimentação saudável e segura.
Dono da maior biodiversidade e maior floresta tropical do planeta; e responsável por 12% da água doce do mundo, o Brasil tem vocação natural para ser um dos faróis que iluminam este novo caminho da bioeconomia.
Para isso, é impositivo que a agenda ambiental estabeleça metas, tenha ações e comprove resultados no combate a desmatamento, queimadas, grilagem de terras e demais ilegalidades que prejudicam nossas florestas, especialmente Amazônica.
Os impactos na biodiversidade são enormes. De acordo com dados do IBGE, cerca de 3.300 espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção. Trata-se de uma tarefa árdua, que depende de investimentos e organização. Essa é uma política de Estado e não de um ou outro governo.
Se endereçarmos estes desafios, temos dentro de nosso próprio território exemplos que podem ser escalados e recolocar o país como uma referência mundial positiva na discussão sobre o meio ambiente.
O setor de árvores cultivadas desponta como uma agroindústria que alia produção e conservação. São nove milhões de hectares de árvores cultivadas para fins industriais manejadas de maneira sustentável, plantando, colhendo e replantando, comumente em áreas antes degradadas. Ao mesmo tempo, outros 5,9 milhões de hectares são preservados.
O plantio em mosaico é uma das técnicas de manejo utilizadas, que intercala terras produtivas e áreas de mata nativa. São inúmeros serviços ambientais, como preservação de minas de água, solos mais férteis e a criação corredores ecológicos. Reflexo da condução deste trabalho é a identificação de 38% de mamíferos e 41% de aves ameaçados de extinção em áreas de empresas de base florestal.
Todo esse trabalho é atestado há mais de 20 anos pelos principais sistemas internacionais, como o FSC (Forest Steward Council) e PEFC/Cerflor.
Este 22 de maio, Dia Internacional da Biodiversidade, precisa provocar a reflexão sobre qual futuro queremos. O meio ambiente e, especialmente, o cuidado com a biodiversidade, precisam estar no centro de qualquer ação de poder público, iniciativa privada e, até mesmo, sociedade civil.
Como apontado no relatório Dasgupta Review, sobre biodiversidade, da Universidade de Cambridge, “o fenômeno da urbanização afastou as pessoas da natureza”.
Para o Brasil, esta pode ser mais uma oportunidade para voltar a ser reconhecido como uma potência verde. Quem sabe não é a chance de deixarmos o eterno rótulo de País do futuro e fazermos de nossas riquezas naturais a ponte para nos firmarmos como a nação do presente.
Artigo escrito por Paulo Hartung, Presidente-executivo da Ibá, membro do conselho do Todos Pela Educação, ex-governador do Estado do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)
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