Experiência da capital mineira no manejo de capivaras na lagoa da Pampulha contribuiu para credibilidade frente ao Ministério da Saúde


A experiência de Belo Horizonte no manejo de capivaras na lagoa da Pampulha virou referência para o Ministério da Saúde na elaboração de um protocolo nacional de combate à febre maculosa. Neste ano, cinco pessoas tiveram a doença na capital, mas não houve mortes como em anos anteriores. Em todo o Estado, foram 32 casos e 11 óbitos até 4 de outubro.

Mais comum entre junho e novembro, quando a população de carrapato-estrela, transmissor da doença, aumenta devido ao ciclo de vida da espécie, a febre maculosa é considerada controlada atualmente em Belo Horizonte. O Parque Ecológico da Pampulha, que chegou a ser fechado em 2016 após a morte de um garoto de 10 anos que havia visitado o local, funciona normalmente, apesar de placas ainda orientarem a população sobre cuidados, como não sentar ou deitar na grama.

No início do mês passado, representantes da Prefeitura de Belo Horizonte se reuniram com o Ministério da Saúde em Brasília e com especialistas das Universidades Federais de Uberlândia e do Rio Grande do Sul e da Universidade de São Paulo (USP) para elaborar diretrizes para o controle da doença no país. Gestores das prefeituras de Contagem, na região metropolitana, e de São Paulo e do Rio Grande do Sul também participaram.

Técnica

A mobilização em torno da necessidade de manejo dos animais na capital começou em 2012, quando houve aumento significativo da população de roedores na lagoa da Pampulha, principal cartão-postal da cidade, com a destruição dos jardins de Burle Marx. Na época, discutia-se a inviabilidade da convivência das capivaras, consideradas hospedeiras primárias da bactéria causadora da febre maculosa, no espaço urbano. 

Após a decisão da Justiça de retirar as capivaras do entorno da lago, em 2016, e rumores sobre sacrificá-las, optou-se pelo manejo para esterilização dos animais. O gerente de Defesa dos Animais da Prefeitura de Belo Horizonte, Leonardo Maciel, explicou que, depois de um ano de trabalho, a PBH concluiu o trabalho no fim de 2018, com identificação e castração de 65 capivaras que vivem na orla da lagoa da Pampulha. 

Segundo ele, restringir a reprodução desses animais leva ao controle da população e da doença. “A experiência em Belo Horizonte foi considerada bastante favorável e promissora, e eles (Ministério da Saúde) querem que esses pontos sejam levados para outros locais. Esterilizamos esses animais e os devolvemos ao meio ambiente, situação que a população não precisa mais temer. Sabemos que existem capivaras em outras regiões, como no córrego do Onça, mas a situação não é alarmante nesses locais”, concluiu. A meta é dar continuidade ao manejo em 2020 e levá-lo para outras áreas.

Contagem é cidade com mais mortes

Contagem, na região metropolitana, não tem um plano de manejo de capivaras, mas foi chamada a participar da elaboração do plano por ter o maior número de mortes (quatro) por febre maculosa em Minas neste ano. Foram 167 notificações, sendo nove confirmadas até outubro.
 
“Ainda não conseguimos contabilizar a quantidade de animais hospedeiros, mas sabemos que grande parte está no bairro Nacional. Estamos em fase de contratação de uma empresa para fazer esse plano de manejo”, destacou o Superintendente de Vigilância em Saúde de Contagem, José Renato de Rezende Costa. 

O veterinário José Geraldo Lasmar recomenda o trabalho feito em BH. “As capivaras não foram sacrificadas, o que não era necessário. Foi um trabalho rápido, levando em consideração que não houve prejuízos para o meio ambiente nem para os animais”, ressaltou.

Fonte: O Tempo

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