Os animais apreendidos na Operação Macaw, realizada entre 17 e 18 de setembro em cidades mineiras, já estão recebendo os cuidados das equipes veterinárias dos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas/Cetras). Logo após a assistência, os animais serão conduzidos por equipes do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os órgãos atuam juntos nas três unidades do Cetas nas cidades de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Montes Claros, e no Cetras estadual de Pato de Minas.

A operação contra o tráfico de animais silvestres resgatou 141 animais, sendo que 106 foram direcionados para os órgãos responsáveis pelo acolhimento. Grande parte são de espécies raríssimas e ameaçadas de extinção, como a arara-azul grande e o mico-leão-dourado.

De acordo com a veterinária Laura Silva de Oliveira, que atua no Cetas de Juiz de Fora, a maioria dos animais apresentava sinais de maus-tratos. Informou que dois estão em estado grave, em decorrência de fraturas.

Sobre os maus-tratos, enfatizou que “os animais estavam com as condições corporais elevadas, proveniente de alimentação inadequada, levando-os à obesidade”.

Já no Cetas de Belo Horizonte a situação é a mesma. Conforme a veterinária Érika Procópio, entre os animais recebidos estão uma arara-azul, um píton de três metros de comprimento e diversos macacos-pregos.

O estado dos animais chamou a atenção da veterinária: “Algumas espécies nem ocorrem em Minas e no Brasil. No caso da píton suspeitamos que estava sob cativeiro há bastante tempo ou passou por um processo intenso de superalimentação pelo tamanho que apresentou”, pontuou Érika.

A soltura ocorrerá após a reabilitação. O processo de reintegração à natureza será de responsabilidade das Áreas de Soltura de Animais Silvestres (Asas).

O Cetas de Juiz de Fora recebeu três micos-leões-dourados que, exclusivamente, seguirão as direções do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Plano de Ação Nacional para conservação da espécie.

A decisão de soltura ou de conservação em cativeiro dependerá dos fatores acerca dos comportamentos, bem como da genética de todos os animais apreendidos. O Centro de Primatologia do Rio de Janeiro está encarregado desse processo.

A Operação Macaw

A Operação Macaw, executada entre os dias 17 e 18 de setembro, foi ordenada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), mas contou com a participação do IEF, Ibama, de fiscais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), da Polícia Militar de Meio Ambiente (PMAMB), Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A Promotoria de Justiça de Caratinga com o apoio da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (Cedef), o Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim), o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema-RJ), foram os responsáveis pela operação.

O objetivo da ação foi combater os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e a prática da guarda ilegal em cativeiro, maus-tratos, comércio ilegal e tráfico de animais silvestres.

Ao todo foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão nas cidades de Caratinga, Uberlândia, Sete Lagoas, Manhuaçu, Ribeirão das Neves, Caraí e Nova Friburgo (RJ). Seis pessoas foram presas em flagrante.