Uma ação civil pública impetrada pela Federação de Proteção Animal do Distrito Federal (FPADF), pedindo que a Fundação Jardim Zoológico de Brasília exponha aos visitantes o trânsito e os riscos de doenças no ambiente, chegou à segunda instância judicial.

O documento é baseado em dissertação de pós-graduação em zoologia da Universidade de Brasília (UnB), apresentada por biólogo funcionário do Jardim Zoológico de Brasília, sobre estudos realizados entre os anos de 2016 e 2018. De acordo com a ação, impetrada em dezembro de 2020, a pesquisa mostra potencial transmissão de doenças dentro dos zoológicos, como chagas, leishmaniose e tuberculose, entre outras zoonoses.

Segundo a presidente da Confederação Brasileira de Proteção Animal (CBPA), Carolina Mourão, uma das responsáveis pela peça, a ação envolve interesses sanitários, sociais e ambientais não só dos animais mantidos em cativeiro no Zoo de Brasília, como também e, principalmente, dos funcionários do local, dos moradores de regiões próximas e da sociedade civil como um todo.

“Não se trata de um caso simples. É uma questão de interesse sanitário. Entramos na briga judicial para que as pessoas tenham acesso ou saibam e assinem um termo de responsabilidade em relação às 25 doenças incuráveis ou intratáveis que o próprio zoológico localizou como de risco humano, de risco sanitário cruzado, assim como a Covid-19. As pessoas são induzidas a passear por lá e podem pegar doenças sem saber”, explicou a presidente da CBPA.

Foco de doenças

Ainda de acordo com Carolina, o estudo é claro, feito dentro da instituição, e aponta o risco sanitário cruzado não somente no Zoo, mas no trânsito nacional e internacional desses animais e dessas doenças.

“O detalhe é que a população não é beneficiada por esses estudos pagos com dinheiro público. Queremos que a sociedade seja avisada na porta e assuma a responsabilidade em conhecer os riscos, com placas de aviso na entrada e durante o percurso. É o razoável para a sociedade saber o risco que corre”, acrescentou.

Para Carolina, placas devem exibir informações como: exigência de uso de trajes especiais para entrar no Jardim Zoológico, avisos para não encostar e não sentar na grama e para os visitantes não colocarem as mãos na boca após tocar em grades.

“Afinal, quem levaria sua família ou uma turma de crianças em um ônibus escolar para um local que é foco de doenças inimagináveis, e “sem controle”?”, questiona.

Segunda instância

De acordo com a presidente da Confederação, o processo tramita em 2ª instância, porque o zoológico não apresentou o “mínimo contraditório” para se defender.

“É uma peça extremamente técnica, indefensável. Ele não têm respostas, nem saídas ou soluções para a sociedade. Se defenderam com um texto institucional, em nada responderam o ‘mínimo contraditório’”, disse.

Em relação ao atual momento em que o DF vive, com lockdown decretado pelo aumento de casos da Covid-19 e de colapso da Saúde, Carolina criticou o fato de o Zoo permanecer aberto.

“Isso é o risco do DF pegar não somente Covid dos animais, mas os animais também pegarem Covid de humanos. É o risco sanitário que a população desconhece. Uma imensa contradição abrir Zoo e visitas aglomeradas lá dentro, enquanto lojas e restaurantes que usam álcool em gel não podem funcionar”, completou a presidente do CBPA.

O outro lado

À reportagem, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) informou que somente irá se manifestar sobre este aspecto após prestar todos os esclarecimentos primeiramente à Justiça, no momento processual oportuno.

“A instituição ressalta que, na primeira instância, o Juiz indeferiu o pedido de interdição provisória do zoológico. Sendo assim, a FJZB destaca que a visitação nas áreas internas é segura e que periodicamente é vistoriada pela Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde”, manifestou-se.

FONTE: Metrópoles