Cidade se soma à Califórnia, punindo com multa de até 2.000 dólares os estabelecimentos que venderem a iguaria a partir de 2022
O movimento contra os maus tratos aos animais obtém uma nova vitória. A câmara municipal de Nova York aprovou nesta quarta-feira, por 42 votos a 6, uma lei que proíbe a venda de foie gras na cidade, que é um dos maiores mercados para este produto nos Estados Unidos. A partir de 2022, as lojas e restaurantes que oferecerem a iguaria serão multados em 2.000 dólares (8.000 reais).
A maior metrópole norte-americana, uma das mecas gastronômicas do mundo, soma-se assim à Califórnia. A maioria dos vereadores nova-iorquinos já havia subscrito o projeto apresentado pela democrata Carlina Rivera, por isso sua adoção era uma mera formalidade. A cidade de Chicago foi pioneira na adoção de uma iniciativa semelhante, em 2006, mas aquela ordem municipal foi revogada dois anos depois.
Estima-se que cerca de mil restaurantes ofereçam foie gras em Nova York. Mas a legislação afetará especialmente os produtores que operam fora da cidade. Os donos das granjas afirmam que as aves não sofrem um trato abusivo durante o processo de engorda e advertem que o veto agravará seus problemas financeiros. Sem Nova York nem a Califórnia, será complicado para eles se manterem à tona.
A Suprema Corte ratificou em janeiro passado a proibição imposta na Califórnia contra um produto que na França é considerado patrimônio gastronômico e cultural. O foie gras é elaborado com fígados hipertrofiados de patos e gansos, o que ocorre quando o animal é superalimentado à força. A legislação nesse Estado entrou em vigor em 2012, foi suspensa três anos depois, e voltou a ser instaurada em 2017.
A rede de supermercados de produtos orgânicos Whole Foods, que agora é propriedade da Amazon, deixou de vender foie gras há duas décadas. A proibição imposta agora em Nova York, uma cidade conhecida também por seus excessos com o luxo, reflete como uma tradição gastronômica tão arraigada sucumbe a uma câmara municipal cada vez mais dominada por políticos progressistas.
A proposta original de Rivera contemplava também a possibilidade de que os infratores fossem punidos com até um ano de prisão. A repreensão penal foi eliminada, mas em troca a multa foi elevada de 1.000 para 2.000 dólares. “É uma das práticas mais violentas contra um animal, e é feita simplesmente porque se trata de um produto de luxo”, justifica a vereadora. O prefeito Bill de Blasio se manteve à margem, embora apoie a iniciativa.
As organizações que defendem os direitos dos animais, como a Voters for Animal Rights, consideram que essa é a legislação mais importante já adotada em Nova York nesse âmbito. Argentina, Áustria, Dinamarca, República Tcheca, Finlândia, Israel, Turquia, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Polônia, Suécia, Suíça, Holanda e Reino Unido já proibiram a produção, segundo a ONG Igualdade Animal. A Índia também proibiu a importação.
Fonte: El País
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