Hoje, 27 de março, é celebrado o Dia Internacional do Circo. A data foi criada para homenagear o palhaço Piolim, personagem de Abelardo Pinto, que comandou o circo Piolim por mais de trinta anos. É necessário, porém, que esse dia seja visto também como uma oportunidade para refletir sobre os animais explorados para entretenimento humano em circos mundo afora.

Animais domésticos, especialmente cachorros, e selvagens, como tigres, macacos, ursos, elefantes e leões, são vítimas de exploração. Forçados a aprender truques anti-naturais, eles vivem aprisionados e, no caso dos silvestres, privados da vida em liberdade, na natureza, ao lado de suas famílias.

Os maus-tratos nestes ambientes também são frequentes. Para que aprendam a realizar os comandos, os animais são ensinados na base da agressão. Muitos deles ficam traumatizados, passam a desenvolver movimentos repetitivos e apresentam sinais claros de estresse.

A ursa Marsha é um desses animais. Nascida na Rússia, ela foi explorada por 25 anos por um circo que fazia excursões pelo Brasil. Após uma vida de sofrimento, ela foi condenada a viver, até os 32 anos, no Parque Zoobotânico de Teresina, no Piauí, onde sofria com o calor intenso do estado e realizava movimentos repetitivos frequentemente, devido ao estresse. No ano passado, porém, a ursa foi resgatada e encaminhada para um santuário onde ganhou não só uma vida nova, mas também outro nome: Rowena.

Apesar de ainda haver exploração animal em circos, muitos deles deixaram de explorar animais, por iniciativa própria ou após proibições feitas por legislações. Entre os locais que criaram leis para proibir a presença de animais em circos estão: a cidade de Los Palmas, na Espanha, Havaí, Portugal, os estados brasileiros da Paraíba e de São Paulo, a Guatemala, o País de Gales, os estados norte-americanos de Nova Jersey e Nova York, a Escócia, a Itália e a Irlanda.

Um marco significante para os direitos animais no que se refere à exploração para entretenimento humano foi o fechamento do circo norte-americano Ringling Bros Circus. Durante 36 anos, o circo foi alvo de protestos contra a presença de animais nos espetáculos, o que o levou à derrocada.

No entanto, apesar da vitória, a luta pela libertação dos animais ainda está longe de acabar, conforme lembra Chris DeRose, presidente e fundador da organização Last Chance For Animals, em artigo no Los Angeles Times. “Enquanto o fim do Ringling é uma vitória para cada ativista que escreveu uma carta, assinou uma petição ou protestou em frente ao circo, a luta para libertar os animais da crueldade, incluindo da indústria do entretenimento, está longe de acabar. Outros circos continuam explorando animais em nome do lucro, assim como zoológicos, aquários e rodeios”, reforça.

A opinião pública, porém, está do lado dos animais e dá apoio às entidades que lutam para que eles deixem de ser explorados e maltratados. Uma pesquisa feita em 2015 pela Gallup descobriu que 62% dos norte-americanos acredita que os animais merecem proteção e 32% defende que os animais devem ter os mesmos direitos que as pessoas. Em relação aos circos, uma pesquisa da YouGov, conduzida pela AAP Animal Advocacy e pela Protection of the Netherlands, concluiu que 65% dos europeus não pagariam para visitar um circo que explora animais selvagens. De acordo com os resultados do levantamento, 63% na Alemanha, 71% na Itália, 73% na Espanha e 76% no Reino Unido votaram contra a exploração de animais silvestres em circos.

 

Fonte: ANDA