“Cães que não morrem como resultado desse tipo de exploração provavelmente serão vendidos para atividades de caça no campo”
Este mês o deputado federal Ricardo Izar (PP-SP), protocolou um projeto de lei que visa proibir a realização de corridas de cães no Brasil. O objetivo é beneficiar principalmente os galgos, conhecidos por serem explorados como corredores em várias partes do mundo.
O PL 1441/2019 aponta várias justificativas que reforçam a oposição ao uso desses animais em corridas, como múltiplos abusos físicos e psíquicos, o que vai contra o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (9605/1995). “Um esporte deve ser entendido como uma atividade em que existe envolvimento voluntário de seus participantes, algo que não ocorre quando há submissão compulsória de animais não humanos”, argumenta Izar.
No Brasil, a corrida de cães é reprovada tanto por ativistas da causa animal quanto por cidadãos sem envolvimento com a defesa dos animais, mas que conhecem a prática. Em países como Estados Unidos, Itália, França, Argentina e Uruguai, entre outros, a corrida de cães já foi proibida como resultado do clamor popular.
Porém a realidade dos galgos ainda é desconhecida pela maioria da população brasileira. Os filhotes que passam pela primeira seleção de padrão da raça, que avalia características físicas e habilidades para corrida ou caça, são treinados com “iscas vivas” como lebres ou gatos. Aqueles que não forem aprovados nessa triagem podem acabar abandonados, mortos ou doados para pessoas que desconhecem as necessidades desses animais.
Outro problema é que os galgos utilizados em corrida passam a maior parte de suas vidas confinados em pequenos espaços e isolados de outros cães e do contato humano. Isso significa que em muitos casos eles são retirados do cativeiro apenas para o “treino”.
Há inúmeros relatos, tanto de testemunhas residentes em Minas Gerais quanto no Sul do Brasil, de que é comum manter os galgos confinados no escuro por longos períodos, porque isso faz com que acumulem muita energia, fiquem ansiosos e em estado de alerta quando são libertados – o que é visto como uma “vantagem” por quem usa esses animais em corridas ou caçadas.
Outras imposições incluem treinamento em que os cães são presos a correias e obrigados a correrem ao lado de carros sob sol escaldante. Também são condicionados a percorrerem linhas retas por até 400 metros atrás da chamada “bruxa”, que consiste em um pedaço de pano com cheiro ou pedaço de pele de lebre morta.
Como os treinamentos são exaustivos, os galgos desenvolvem problemas ósseos, articulares e musculares. Além disso, há inúmeros casos em que os animais são submetidos ao uso de drogas que visam melhorar o rendimento na corrida, o que gera problemas no fígado, coração, rins e pulmões.
“Cães que não morrem como resultado desse tipo de exploração provavelmente serão vendidos para atividades de caça no campo, reprodução, abandonados ou mortos”, lamenta o deputado Ricardo Izar. Atualmente o projeto de lei que visa proibir as corridas de cães ou atividades similares está aguardando despacho do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Veja aqui o PL 1441/2019
Fonte: ANDA
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