Por Fábio Gallacci, Terra da Gente

Em tempos de notícias falsas pipocando pela internet – as tão faladas fake news –, é importante saber que isso também existe nos assuntos relacionados à natureza. Resultados da pura falta de informação que se espalha rapidamente, como nas redes sociais de hoje em dia, muitos mitos confundem as pessoas e colocam animais em risco.

Assim como os gatos pretos, as corujas não dão azar. Os morcegos não são “ratos com asas”, as úteis lagartixas não transmitem a doença de pele popularmente conhecida como cobreiro e as serpentes não são todas venenosas. Os “antídotos” para esse problema são, assim como nas notícias de qualquer outra área, a busca por fontes confiáveis e a não propagação de ideias equivocadas.

As aves contribuem para o equilíbrio dos ecossistemas — Foto: Carlos Alberto Coutinho/ TG
As aves contribuem para o equilíbrio dos ecossistemas — Foto: Carlos Alberto Coutinho/ TG

 

“Desde sempre, quando falamos no convívio das comunidades humanas com os animais, o desconhecimento leva ao surgimento de uma série de lendas. É algo que, muitas vezes, é ruim para os animais. A coruja, por exemplo, embora seja tida com uma símbolo de sabedoria em algumas culturas, em outras é tida como algo que traz azar. Elas são mortas por isso. As pessoas deveriam estudar sobre os animais, saber mais sobre ele”, comenta o biólogo Luciano Lima.

Ele ressalta que as fake news sempre têm o objetivo de difamar alguém, de propagar inverdades e isso acaba prejudicando quem é apontado.

“O exemplo das serpentes é perfeito porque a falta de conhecimento faz com que as pessoas persigam esses animais. Uma porcentagem mínima delas é peçonhenta, mas acabam dando espaço às crendices. Muitos bichos acabam pagando com a vida”

Serpentes também são "perseguidas" por crendices populares: uma minoria delas é realmente peçonhenta — Foto: Dirceu Martins / TGSerpentes também são “perseguidas” por crendices populares: uma minoria delas é realmente peçonhenta — Foto: Dirceu Martins / TG

 

É importante saber que a presença de corujas significa algo muito positivo. Ela garante um ambiente preservado e equilibrado. Um benefício é o controle da população de ratos, escorpiões, aranhas e insetos. Através de estudos sobre a dieta dessa ave é possível saber que, por um período de um ano, um casal de suindaras (Tyto furcata), por exemplo, consome entre 2 mil e 4 mil ratos e 2 mil a 6 mil insetos.

Mais uma vez, crendices, preconceitos e a falta de informação contribuem para que uma parcela da população ainda não simpatize com as corujas. Com isso, muitas são exterminadas de forma injusta. Essas aves possuem uma série de adaptações morfológicas, ecológicas e comportamentais para vida noturna. É verdade que elas frequentemente habitam casas abandonadas e igrejas.

“Jogar situações negativas em cima deles (animais) é muito mais fácil para o ser humano do que assumir o seu próprio desconhecimento”, Giselda Person, bióloga

“A explicação é que esses lugares fornecem refúgios seguros contra a caça implacável pelo homem e outros predadores. Também é fato que, às vezes, sua presença é denunciada, na escuridão, por uma estranha luz fosforescente, isso se deve à existência, na madeira apodrecida de seus ninhos, de fungos luminosos, que aderem às suas penas. Seus olhos grandes servem para aumentar a eficiência da visão noturna. O voo silencioso se deve às penas macias para aproximar-se de suas presas sem serem percebidas. E as vocalizações lúgubres são para comunicar-se com outros indivíduos de sua espécie ou espantar competidores do território”, explica o ornitólogo Willian Menq.